GRADUAÇÃO 4D

IA Generativa em sala de aula: como esta tecnologia pode melhorar a jornada de aprendizagem na computação? 

* Por Lucas Emanuel Silva e Oliveira 

Que a inteligência artificial (IA) está revolucionando a forma como vivemos e trabalhamos todos nós sabemos, mas uma grande discussão que ocorre entre acadêmicos é sobre sua presença em salas de aula. Esta discussão ficou ainda mais evidente com o “boom” de uma das vertentes da área, que é a IA Generativa, que dispõe de modelos de linguagem capazes de gerar textos e realizar tarefas complexas em resposta ao comando humano em linguagem natural. A ferramenta mais conhecida neste contexto é o ChatGPT, que foi a aplicação com a adoção de usuários mais rápida da história.  

Embora ainda não haja um consenso sobre a eficácia da IA Generativa na educação como um todo, as evidências e os casos iniciais sugerem um potencial significativo, principalmente na área da computação, onde elas estão se tornando importantes ferramentas no aprendizado interativo e na capacitação de futuros profissionais.  

Vislumbrando possibilidades  

Imagine uma sala de aula onde cada estudante tem um assistente pessoal de IA, capaz de ajudar desde a compreensão de complexos conceitos teóricos até a prática de habilidades essenciais. A IA Generativa é perfeita para isso. Por exemplo, um aluno pode conversar com ChatGPT para esclarecer dúvidas sobre ciência de dados e pedir exemplos reais práticos, outro pode solicitar ao GitHub Copilot para gerar um código que ajude a entender melhor uma função específica em programação.  

Na prática, a implementação de IA Generativa em sala de aula pode se refletir em projetos onde os estudantes, orientados pela IA, desenvolvem soluções para problemas reais da indústria ou dentro de contextos que eles tenham mais familiaridade. Em um projeto, um grupo pode usar o ChatGPT para realizar um brainstorming e entender as necessidades do usuário final, enquanto outro utiliza o GitHub Copilot para prototipar rapidamente um aplicativo. Este método não só reforça o conteúdo aprendido como prepara os estudantes para o mercado de trabalho, onde tais habilidades são cada vez mais valorizadas.  

Personalização e mentoria  

Cada estudante aprende de maneira diferente, e a IA Generativa permite uma personalização sem precedentes do processo educacional. Alunos podem utilizar essas ferramentas para explorar diferentes métodos de resolução de problemas, ou até mesmo criar novas maneiras de abordar projetos e atividades, tornando o aprendizado uma experiência verdadeiramente colaborativa e dinâmica.  

As aplicações não param apenas em situações que ocorrem dentro da sala de aula, como um simples pedido de criação de atividades complementares em um tema que o estudante quer se aprofundar, mas também pode auxiliar em processos de mentoria profissional por exemplo, dando suporte em atividades que vão desde descrição de suas atividades e experiências em seu currículo, até simular uma entrevista de emprego para uma vaga específica.  

Construção de soluções reais aceleradas

Enquanto o aprendizado tradicional de programação inicia os estudantes com a criação de algoritmos simples e teóricos, que raramente encontram aplicação prática imediata, a IA Generativa permite uma imersão direta no desenvolvimento de soluções aplicáveis. Por exemplo, um estudante utilizando ferramentas como ChatGPT ou GitHub Copilot pode rapidamente gerar e testar código para aplicações reais, como dashboards de dados ou automação de tarefas, desde as primeiras etapas do seu aprendizado. Essa abordagem não só coloca o estudante de maneira mais rápida em situações em que ele pode ser útil e resolver problemas, mas também aumenta a motivação e o engajamento ao proporcionar resultados tangíveis e imediatos, demonstrando o verdadeiro impacto da programação no mundo real.  

Evolução natural na forma de programar  

A IA Generativa representa uma evolução natural na forma como interagimos e desenvolvemos sistemas inteligentes. Inicialmente, a programação era realizada diretamente em linguagem de máquina, com o tempo foram surgindo linguagens de alto nível, ambientes de desenvolvimento e frameworks, sempre com o objetivo de tornar programação mais fácil, ágil e acessível. Cada etapa dessa evolução facilitou a programação, tornando-a mais intuitiva e menos focada em detalhes sintáticos. Hoje, a linguagem natural promete ser a próxima fronteira, tornando a programação ainda mais tangível e com possibilidade de ampliar as capacidades criativas e analíticas dos estudantes.  

Aumento na acessibilidade  

A IA Generativa pode ser uma grande aliada na inclusão de estudantes que enfrentam barreiras com a lógica de programação tradicional. Em vez de se concentrarem nas minúcias da sintaxe, os alunos podem utilizar essas ferramentas para visualizar como as soluções são criadas, oferecendo um método mais acessível e menos intimidador para construir soluções de software.  Esse movimento permite que um espectro ainda mais amplo de indivíduos participe do desenvolvimento tecnológico, potencializando a inclusão e democratização do acesso às tecnologias avançadas.  

Concluindo  

Em suma, integrar IA Generativa no processo de aprendizagem da computação é mais do que uma evolução tecnológica, é uma necessidade para preparar os estudantes para os desafios do futuro. As salas de aula equipadas com essas ferramentas permitem que os alunos não apenas acompanhem as tendências tecnológicas, mas também sejam parte ativa na criação de novas soluções, estando sempre um passo à frente no mercado competitivo.  

Portanto, a pergunta não é se devemos integrar IA Generativa na educação, mas sim como podemos fazê-lo de maneira mais efetiva para enriquecer a experiência educacional e conectar os estudantes em sua jornada de aprendizagem.  

** Lucas Emanuel Silva e Oliveira é Doutor em Tecnologia em Saúde e bacharel em Sistemas de Informação pela PUCPR. Atualmente, é professor-tutor e pesquisador da PUCPR, ministrando disciplinas relacionadas à computação e IA. 

 

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